A Selic é a taxa básica de juros do Brasil responsável pelo valor dos demais juros da economia, como financiamentos e empréstimos financeiros.
Além disso, ela pode influenciar a rentabilidade do seu dinheiro através dos investimentos e, até mesmo, na poupança.
Desde 2016, a taxa Selic tem sofrido diversas oscilações. Basicamente, ela saiu de 2% a.a em 2020 a.a. até chegar em 13,75% ao ano em setembro de 2022.
Nesse período, os investimentos de renda fixa se tornaram menos atrativos. Isso fez com que houvesse uma tendência de expansão na renda variável, como ações, commodities e Fundos Imobiliários.
Mesmo assim, o mercado ainda possui diversas oportunidades para fazer o seu dinheiro render com ativos mais seguros, como, por exemplo, Tesouro Direto e LCI.
Portanto, preparamos um guia completo sobre a taxa Selic para você começar a rentabilizar seus recursos nos melhores investimentos a partir de agora.
Boa leitura!
O que é Taxa Selic?
A taxa Selic é um dos principais índices econômicos do Brasil, utilizada para representar os juros básicos do país, influenciando, diretamente, todos os juros praticados em nossa economia. Além disso, é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controle da inflação.
Ela é obtida a partir da taxa média registrada nas operações diárias que são apuradas pelo sistema Selic, realizadas entre instituições financeiras que utilizam títulos públicos como garantia.
A taxa média desses negócios é chamada de Selic Over. Já a Selic Meta é aquela taxa definida pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Em resumo, o percentual da Selic é definido pelo Copom e, basicamente, indica o quanto o governo está pagando de juros para as instituições financeiras que negociam títulos públicos do Tesouro Nacional.
O que significa a palavra Selic?
Ela corresponde ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que, por sua vez, consiste no sistema computadorizado utilizado pelo Banco Central para negociação dos títulos públicos federais. Portanto, o Selic serve para custodiar e registrar as transações com a maior parte dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional.
Quem estabelece a Selic?
A taxa Selic Meta, como havíamos mencionado, é definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que foi instituído em 1996 com objetivo de promover mais transparência e confiabilidade para o sistema financeiro no Brasil, ao definir as políticas monetárias e a taxa básica de juros da economia.
Assim, o Copom se reúne oito vezes ao ano – ou seja, aproximadamente, a cada 45 dias – para definir os rumos da taxa Selic.
Depois de cada reunião, o Banco Central emite uma ata na qual detalha sobre as decisões relacionada às taxas de juros, como, por exemplo, motivos para um eventual corte ou elevação.
Selic mensal e anual 2022
É possível consultar, na página do Banco Central, a taxa de juros equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais, relativa a cada mês, sendo essa taxa aplicável no pagamento, na restituição, na compensação ou no reembolso de tributos federais. Confira, abaixo, a taxa Selic mensal em 2022.
Taxa Selic mensal 2022 | |
Mês/Ano | Percentual |
janeiro/22 | 0,73% |
fevereiro/22 | 0,76% |
março/22 | 0,93% |
abril/22 | 0,83% |
maio/22 | 1,03% |
junho/22 | 1,02% |
julho/22 | 1,03% |
agosto/22 | 1,17% |
setembro/22 | 1,07% |
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Como você aprendeu neste artigo, as reuniões do Copom definem uma taxa para a Selic a cada 45 dias, mas sempre de forma anualizada. Com as variadas decisões, que levam a diferentes valores ao longo do ano, o cálculo da taxa só se torna possível graças ao acumulado.
A Taxa Selic acumulada ao ano, portanto, se refere à soma do valor da taxa de cada mês (conforme indicado na tabela acima).
Qual a taxa Selic hoje?
Atualmente, a taxa Selic está definida em 13,75% ao ano, e estabilizou nos últimos meses após grandes oscilações.
Como funciona a Taxa Selic
A taxa Selic, que ouvimos falar diariamente, nada mais é do que uma referência para os juros praticados no mercado, de acordo com a decisão do Copom. Assim, ela é chamada de taxa Selic Meta.
Nesse contexto, surge a taxa Selic Over. Ela consiste nos juros adotados nos empréstimos interbancários. O termo Over vem de overnight, que, por sua vez, representa operações que costumam ocorrer no curtíssimo prazo (1 dia útil).
Os bancos, diariamente pegam dinheiro emprestado uns com os outros para fecharem seus caixas no positivo. Assim, a selic Over é a taxa média registrada nas operações diárias realizadas entre instituições financeiras que utilizam títulos do Tesouro Nacional como garantia, enquanto o CDI refere-se a esses empréstimos de curto prazo, no entanto, que são fomentados pelos recursos das próprias instituições financeiras.
Como os rendimentos são influenciados pela Selic
A taxa Selic impacta seus rendimentos quase que diretamente – indo além dos juros de empréstimos e financiamentos – como indexador de seus investimentos, ou de forma indireta, por exemplo, pelo CDI.
Tenha em mente que a taxa Selic funciona como uma referência para os juros no país. Sem contar que o CDI é o benchmark da renda fixa, que, por sua vez, depende da taxa básica. Portanto, conheça agora de que forma os seus investimentos podem ser influenciados:
Títulos públicos
O Tesouro Selic costuma ter maior impacto diante do comportamento da taxa Selic. Isso porque, como o próprio nome sugere, a taxa básica de juros é o indexador desse título, que rende 100% da Selic ao ano.
Então, se a taxa Selic aumenta, os rendimentos desse ativo também sobem, e vice-versa. O Tesouro IPCA+ e o Prefixado podem sofrer efeitos indiretos em relação à taxa básica de juros.
E isso se dá, pela marcação a mercado. Basicamente, os seus rendimentos são influenciados pelas expectativas dos juros futuros, que nada mais é do que a própria taxa Selic.
Assim, se há previsão de alta de juros, os preços unitários dos títulos diminuem. Além disso, o Tesouro IPCA+, por exemplo, também depende da taxa Selic pelo fato de que ela controla a inflação. Geralmente, se ela aumenta, os rendimentos do título também sobem, e vice-versa.
Cadernetas de poupança
Desde 2012, a poupança sofreu mudanças na sua forma de rentabilidade. Atualmente, os depósitos são remunerados da seguinte forma:
- Se a taxa Selic estiver maior do que 8,5% ao ano: rentabilidade de 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR);
- Para taxa Selic menor ou igual a 8,5% ao ano: rendimento de 70% da taxa Selic + TR.
Em 2020, a poupança encerrou o ano sem ganho real. Ao considerar a inflação do período, fechada em 4,52%, o retorno real foi de -2,3%.
Tenha em mente que o retorno real corresponde ao seu poder de compra. Ou seja, o rendimento que, de fato, vem para o seu bolso.
Portanto, este pode ser o momento ideal para você sair da poupança. Uma opção conservadora, e excelente para ser utilizada como reserva de emergência, é o próprio Tesouro Selic.
Sem contar que essa é uma opção de investimento com liquidez diária. Assim, caso precise, você pode resgatar a aplicação em qualquer dia útil, durante o horário de funcionamento do Tesouro e receber o recurso no dia útil seguinte, sem se preocupar com o aniversário da aplicação, como acontece com a poupança.
No entanto, você pode ter acesso a outras opções de investimentos, para complementar a rentabilidade sobre seus recursos. Continue a leitura e saiba mais!
Indexados ao CDI
Como sabemos, a taxa Selic e o CDI costumam ter percentuais sempre muito bem alinhados e próximos. No mercado, há diversos investimentos de renda fixa atrelados ao CDI, como CDB, LC e LCA.
Portanto, quaisquer variações no CDI afetam os rendimentos desses ativos também. Em 2020, o CDI encerrou o ano em 2,76%, no entanto, considerando a inflação do mesmo período, de 4,52%, o retorno real foi de -1,68%.
Por isso, é importante estar atento, não somente ao percentual do indexador, como também às projeções para a inflação e, especialmente, para o percentual, em relação ao indexador no qual irá render determinado investimento.
Em relação a esse último apontamento, vamos considerar um investimento com rendimento de 200% do CDI, por exemplo. Nesse sentido, se um CDB, em 2020, prometeu pagar 200% do que rendesse esse indexador, o ganho nominal teria sido de 5,52% e o ganho real (descontado a inflação), de 0,95%.
Taxa Selic e Inflação
Como mencionado ao longo do artigo, a taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controle da inflação. Basicamente, a sua implementação teve como objetivo evitar a hiperinflação, como ocorreu no início da década de 90.
A inflação é monitorada periodicamente pelo Bacen. Se o seu comportamento demonstra aceleração elevada, o Copom pode elevar a taxa Selic. Como efeito, temos:
- Diminuição no consumo: os produtos tendem a se acumular nos estabelecimentos. Assim, os seus preços tendem a diminuir;
- Aumento do preço de crédito: os financiamentos e empréstimos podem se tornar mais caros aos tomadores;
- Subida nos rendimentos de ativos da renda fixa: são como incentivos para adiar o consumo imediato e fazer o dinheiro render para comprar no futuro;
- Aumento dos juros da dívida pública: a Selic costuma ser um dos indexadores dos empréstimos tomados pelo governo para financiar a máquina pública. Assim, se ela aumenta, o custo para o Estado sobe.
A diminuição na taxa Selic é utilizada para aquecer a economia. Geralmente, ela permite que mais dinheiro esteja em circulação no mercado. Assim, a inflação tende a aumentar com o tempo.
Assim, com a taxa Selic em baixa, os investimentos em renda variável tendem se tornar mais atrativos: com a taxa básica de juros em baixa, as aplicações com rendimentos atrelados a ela e ao CDI, passam a obter resultados proporcionalmente baixos, além do fato de que pode ocorrer uma melhoria nos resultados das empresas.
Esse último se dá pelo fato de que o crédito mais barato costuma incentivar que as companhias se desenvolvam, por exemplo, por meio da renovação de parque fabril ou compra de novos sistemas.
No cenário de juros baixos, o empreendedorismo também tende a aumentar, principalmente com a lei da Liberdade Econômica.
O custo da dívida pública diminui, o que é positivo para os cidadãos. Em março de 2021, o custo médio acumulado nos 12 meses anteriores do estoque da Dívida Pública Federal fechou em 7,64% – até então, o menor da série histórica.
Investimentos que rendem mais que a Selic
Ainda que as últimas decisões do Copom tenham elevado a taxa Selic, acompanhamos nos últimos anos, cortes expressivos, que, inclusive, levaram os juros da economia às mínimas históricas.
Com isso, tornou-se comum ouvir que os investimentos de renda fixa podem ser descartados de sua carteira de investimento. Porém, essa decisão pode ser equivocada, visto que, seus resultados, dependem de alguns outros fatores. Há diversas oportunidades para fazer o seu dinheiro render sem abrir mão da segurança.
Geralmente, os investimentos de crédito privado, como por exemplo, CDB, LCI, LC e LCA oferecem rentabilidade superior à taxa Selic.
Além disso, há a vantagem de que, esses quatro últimos investimentos mencionados, contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para valores de até R$ 250 mil, caso a instituição emissora do título, por algum motivo, deixe de honrar com o pagamento.
Outra opção atrativa entre os ativos de renda fixa, são as debêntures. Porém, é preciso estar atento ao rating da empresa emissora, pois, para esse tipo de investimento, não há garantia do FGC.
Outro ponto a se considerar, é que as LCIs, LCAs e debêntures incentivadas têm rentabilidade isenta de Imposto de Renda (IR) para Pessoas Físicas. Lembre-se de que, para investir com segurança, você deve sempre levar em consideração o seu perfil de investidor.
Não esqueça também, de avaliar seus objetivos de curto, médio e longo prazo, além de procurar diversificar seus investimentos. Se você é iniciante ou não tem muito tempo para acompanhar o mercado, a gestão profissional pode fazer toda a diferença nos seus resultados.
A taxa Selic influencia diretamente na vida dos brasileiros, seja na economia ou nos investimentos
Cada decisão do Copom, traz efeitos quase que imediatos na economia. Já no rendimentos dos investimentos, os impactos não são percebidos com a mesma rapidez. No entanto, você não deve deixar de considerar esse importante indicador financeiro antes de escolher os seus investimentos, ou fazer alterações na sua carteira.
Uma forma de fazer isso com segurança, é contar com a ajuda de profissionais e não esquecer de enriquecer seu aprendizado com a educação financeira. Para isso e muito mais, você pode contar com o modalmais.