Ao fazer um investimento, você tem muitas opções tanto na renda fixa quanto na variável. No entanto, também pode sair dessa divisão e aplicar estratégias mais planejadas. É o que acontece com quem opta pelas operações estruturadas.
Como o nome indica, essa movimentação de dinheiro vai além da compra e venda de ativos. Por isso, é uma alternativa recomendada para pessoas com perfil arrojado e mais conhecimento sobre o mercado financeiro.
Esse é o seu caso? Então, saiba que vale a pena conhecer esse tipo de operação para tomar as melhores decisões e adequá-las aos seus objetivos e ao seu perfil de investidor. Neste post, você entenderá melhor. Continue lendo.
O que são operações estruturadas?
As operações estruturadas consistem em uma estratégia de alocação de capital em dois ou mais ativos financeiros. Eles são negociados no mercado e podem fazer parte da renda fixa e da variável, ou ainda serem derivativos.
Essas operações são bastante flexíveis. Por isso, admitem adotar uma série de estratégias para melhorar o desempenho da carteira. Por exemplo, hedge (proteção da carteira), alavancagem financeira, operações de capital protegido e remuneração.
Essa característica faz com que, até mesmo, um conservador ou moderado possa investir nesse tipo de operação. Porém, é importante ter amplo conhecimento sobre o mercado financeiro para evitar prejuízos.
Para que servem?
Toda operação estruturada tem um objetivo específico, que depende do que o investidor busca. De modo geral, existem quatro principais finalidades a serem atendidas com esse tipo de aplicação financeira, elas são:
● limitação de risco, para evitar a perda do capital aplicado;
● potencialização de ganhos;
● hedge, ou proteção;
● diversificação da carteira.
Na prática, você pode investir nessas operações com o objetivo de aproveitar uma movimentação específica da Bolsa de Valores para ter mais lucro. Por exemplo, é o caso da alta de um índice, do dólar, da taxa de juros etc.
Agora, se você quer proteger sua carteira, a ideia é reunir vários derivativos. Assim, é possível fazer hedge e alcançar uma melhor rentabilidade. Esses exemplos mostram que as operações estruturadas precisam ser bem pensadas, já que a estratégia tende a apresentar riscos elevados.
Porém, isso nem sempre acontece. Tudo depende dos ativos escolhidos. Em alguns casos, é possível fazer uma combinação em que já se conhece o pior cenário e a rentabilidade mais baixa.
Como essas operações funcionam?
As operações estruturadas são negociadas no mercado de opções. Esse é o ambiente em que ativos com valor fixo são movimentados. Em uma data futura, o investidor poderá comprá-los ou vendê-los.
Isso acontece porque o mercado de opções permite a negociação entre dois investidores. Um compra a opção e é chamado titular. Quem a vende é o lançador. Na operação, existe um ativo envolvido, a definição do valor de um prêmio, um preço de exercício (strike) e uma data de vencimento.
Além disso, a operação de compra é chamada call e a de venda, put. Em ambas, o titular tem o direito de exercer a movimentação. Enquanto isso, o lançador tem a obrigação de executá-la.
Para entender melhor, veja o seguinte exemplo. O lançador compra um lote de 1.000 ações PETR4 (Petrobras) por R$ 15 cada, totalizando R$ 15.000. Ele acredita que esses ativos serão valorizados no prazo de seis meses. Por isso, emite um contrato de call com strike em R$ 20 e prêmio de R$ 1 por ação.
O titular adquire esse título acreditando que as ações irão valorizar. Nesse momento, ele paga apenas o prêmio. Nesse exemplo, R$ 1.000. Portanto, o lançador já lucra nesse primeiro momento.
Para o titular, essa quantia garante o direito de fazer a compra do contrato até a data de vencimento. Contudo, ele não tem essa obrigação. Assim, ele exercerá seu direito somente se as ações PETR4 realmente sofrerem um aumento.
Se o valor chegar a R$ 25 até a data de vencimento, por exemplo, o direito de compra será exercido. Assim, o titular consegue lucrar a diferença entre a valorização e o strike menos o prêmio. Nesse caso: R$ 25 – R$ 20 – R$ 1 = R$ 4 por ação. Como o lote é de 1.000 ações, o total é de R$ 4.000.
O lançador também lucra novamente. Ele ganha R$ 5 por ação. Afinal, ele comprou por R$ 15 e colocou o strike como R$ 20. Caso o direito de exercício não seja cumprido, o titular perde apenas o prêmio, e o lançador tem essa mesma quantia garantida.
Agora que você entendeu como funciona o mercado de opções, pode saber mais sobre as operações estruturadas. Veja.
FUNCIONAMENTO DAS OPERAÇÕES ESTRUTURADAS
A elaboração das operações estruturadas depende do investidor. Vale a pena considerar os objetivos buscados e as alternativas oferecidas por instituições financeiras. Assim, você consegue ter ganhos com a variação cambial e com a volatilidade de outros ativos.
Nesse momento, você deve estar pensando: mas isso não é o conceito de diversificação? De fato, as estratégias são similares. Isso porque você reúne diferentes ativos para reduzir os riscos e potencializar os ganhos. Dessa forma, as perdas e os ganhos tendem a ser limitados, nesse caso.
Então, quais são as diferenças? Para começar, a diversificação visa sempre ao mesmo objetivo: reduzir os riscos e maximizar os ganhos. Com as operações estruturadas, os propósitos são variados.
Outro fator de diferenciação é que a diversificação acontece em vários ambientes. Por sua vez, as operações estruturadas sempre consistem em um investimento no mercado de opções. A escolha dos ativos e a alocação de capital acontece via home broker.
Além disso, a operação estruturada tem ganhos e perdas limitados, geralmente. Da mesma forma, o imposto cobrado varia conforme a operação. De toda forma, a tributação segue a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). Por isso, as alíquotas são de:
● 22,5% até 180 dias;
● 20% de 181 a 360 dias;
● 17,5% de 361 a 720 dias;
● 15% acima de 720 dias.
Também existe o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Porém, ele só é aplicado quando o resgate dos valores é feito em menos de 30 dias.
Ainda há cobrança de taxas e encargos. Como destacamos, os valores podem variar. No entanto, a maior incidência é de:
● taxa de custódia – pode ser cobrada pela instituição financeira para o armazenamento dos ativos;
● taxa de corretagem – incide para custear o intermédio da operação.
Tipos de operações estruturadas
As operações estruturadas também podem ser realizadas de diferentes maneiras. Veja os principais tipos de movimentação e suas características.
OPERAÇÕES DE TRAVAS
A trava de alta consiste quando o investidor adquire uma call com um strike definido e vende a opção com um preço superior. O propósito é que o valor do ativo esteja mais elevado na compra.
Por sua vez, a trava de baixa existe quando o investidor vende a call com um strike mais baixo e a recompra com um preço superior. A expectativa é que o valor do ativo esteja mais baixo no final do prazo estabelecido.
COE
O Certificado de Operações Estruturadas é um título de dívida emitido por instituições financeiras. Ele abrange ativos da renda fixa e variável e pode ter até ações estrangeiras. Além disso, tem um prazo fixo, o que significa que a liquidez é baixa. Assim, é impossível vendê-lo antes do prazo de vencimento.
OPERAÇÕES DE ROLAGEM
A rolagem é executada quando o investidor acredita na estratégia e quer mantê-la. Por isso, segura a posição até o vencimento seguinte ou muda o strike para outro diferente. Assim, é possível fazer ajustes para se adequar melhor ao mercado.
LANÇAMENTO COBERTO DE OPÇÕES
A operação, também chamada financiamento, consiste na compra de uma ação específica no mercado à vista, ao mesmo tempo que ocorre a venda de uma call do mesmo ativo. Assim, o comprador se torna o titular e o lançador da opção.
Com isso, ele tem o direito de vender a ação pelo strike em uma data futura, mantendo o ativo na carteira. Caso chegue o prazo de vencimento, ele pode comercializar o ativo devido ao financiamento realizado. Sem exercer o direito da opção, ainda recebe o valor do prêmio e a ação na carteira por um preço médio inferior ao do mercado.
BORBOLETA
O investidor acredita que o mercado permanecerá estável, com baixa volatilidade. O investimento é feito em determinada faixa de preço, e a expectativa é que ele se mantenha o mais próximo possível. Se ficar maior ou menor, são registradas perdas.
Como decidir quando fazer operações estruturadas?
As operações do tipo estruturadas são indicadas para o perfil arrojado. Outros investidores podem aplicar seu capital, desde que tenham ampla experiência e conhecimento. Isso porque essas movimentações têm riscos. Portanto, é importante considerar esses dois aspectos antes de decidir fazer o investimento. Porém, se você não se encaixa nesses critérios, talvez seja ideal melhorar sua educação financeira.
Como colocá-las em prática?
O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores ou um banco de investimentos. Em seguida, você deve escolher a operação que fará. O tipo mais comum é o COE. Nesse caso, avalie diversos detalhes, como:
● risco da operação;
● prazo de validade;
● valor do investimento.
Aproveite também para ler o Documento de Informações Essenciais (DIE). Ele traz informações relevantes, como:
● rentabilidade;
● banco emissor;
● data de começo e fim da aplicação financeira;
● diretrizes para ganhos e perdas.
Durante todo esse processo, conte com a ajuda de especialistas. Ter o apoio de profissionais especializados é essencial para evitar problemas e garantir que as suas operações estruturadas sejam bem executadas e a estratégia, bem elaborada.