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Inflação acelera novamente

Inflação acelera novamente

A divulgação do IPCA-15 de agosto, que funciona como uma prévia da inflação oficial, registrou alguma deterioração e acelerou no acumulado em 12 meses. Apesar disso, análise qualitativa ainda aponta uma dinâmica mais confortável da inflação doméstica.

O IPCA-15 de agosto registrou alta de 0,28%, consideravelmente acima da nossa expectativa (0,15%) e da mediana do mercado (0,16%).  No resultado acumulado em 12 meses, o índice acumula alta de 4,24%, acelerando em relação ao avanço de 3,19% no mês anterior. No ano, o IPCA-15 avança 3,38%.

Entre os grupos, destaque de alta para Habitação (1,08%), impactada pelo aumento em energia elétrica residencial (4,59%) em função da dissipação do efeito do bônus relacionado a Itaipu. Saúde e Cuidados Pessoais (0,81%), Despesas Pessoais (0,60%) e Educação (0,71%) também registraram impacto positivo no headline. Em relação a Saúde e Cuidados Pessoais, note-se alta em produtos para pele (8,6%) e perfumes (2,94%), itens com alta volatilidade e pouco correlacionados com ciclo econômico. Cabe ressaltar que Transportes (0,23%) também avançou, principalmente, pelo avanço em automóveis novos além de uma queda menor do que o esperado em passagens aéreas.

Por outro lado, note-se deflação em Alimentação e Bebidas (-0,65% vs. est. -0,85%) e Vestuário (-0,03% vs. est. -0,14%). No caso de Alimentação e Bebidas, observa-se recuo de 0,99% em Alimentação no Domicílio, parcialmente compensado pelo avanço de 0,22% em Alimentação Fora do Domicílio.

Preços Administrados avançaram 1,02%, enquanto Livres subiram 0,03%. Serviços registraram alta de 0,13%, desacelerando em relação a divulgação anterior (0,36%) apesar de acima da expectativa do mercado. Industriais reverteram a queda observada em julho (-0,55%) e avançaram 0,55%. Serviços subjacentes subiram 0,27%, também arrefecendo em comparação com o observado no mês anterior (0,36%), enquanto industriais subjacentes registraram alta de 0,42%. A média dos 5 núcleos, índice utilizado para tentar capturar a tendência da inflação ao retirar itens mais voláteis, acelerou para 0,34% (ante 0,09% anterior). No entanto, no acumulado em 12 meses, a média dos cinco núcleos recuou de 5,53% para 5,30%. O índice de difusão, indicador que aponta a quantidade de itens da cesta que compõe o IPCA que registraram alta nos preços, avançou para 51% (vs. 48%).

Em resumo, a divulgação acima do esperado do IPCA 15 de agosto afasta a possibilidade de aceleração no ritmo de cortes da taxa de juros nas próximas reuniões. Cabe ressaltar que alguns itens mais voláteis, como perfumes, e a dissipação do efeito do programa de redução de preços de carros populares, impactaram a prévia da inflação do mês. Por outro lado, a desaceleração na inflação de serviços e sua leitura subjacente, aliado ao arrefecimento no acumulado em doze meses da média dos cinco núcleos, justifica o ritmo de redução da taxa Selic atual definido pelo Banco Central. Mantemos expectativa de Selic em 11,75% no final de 2023.

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