A inflação registrou nova leitura positiva na divulgação de outubro do IPCA, com manutenção do processo desinflacionário, especialmente em serviços, reforçando a expectativa pela continuação do processo de queda da Selic no atual ritmo estabelecido.
O IPCA de outubro avançou 0,24%, abaixo da nossa expectativa (0,27%) e da mediana do mercado (0,29%). No resultado acumulado nos últimos 12 meses, a inflação desacelerou para 4,82% (ante 5,19% anterior).
Analisando a divulgação, destaca-se o avanço em Alimentação e Bebidas (0,31%), voltando a registrar variação positiva após longo período de deflação e acima das expectativas. O grupo registrou o principal impacto altista na inflação de outubro e refletiu o avanço tanto em Alimentação no Domicílio (0,27%) quanto em Alimentação Fora do Domicílio (0,42%). Transportes (0,35%) também apresentou contribuição de alta relevante na divulgação, no entanto, resultado veio abaixo das expectativas. Saúde e Cuidados Pessoais (0,32%), Despesas Pessoais (0,27%), Vestuário (0,45%) e Artigos de residência (0,46%) também registraram contribuição altista para a inflação de outubro. Habitação (0,02%) veio abaixo do esperado, refletindo queda maior do que o esperado em energia elétrica.
Na outra ponta, note-se deflação apenas em Comunicação (-0,19%), majoritariamente em linha com as expectativas.
Na análise das aberturas, preços administrados recuaram 0,03%, puxados pela queda nos preços de energia elétrica e combustíveis. Livres, por sua vez, avançaram 0,37%, acelerando em relação a queda de 0,04% no mês anterior. Serviços registraram alta de 0,59%, acima do observado em setembro (0,50%), enquanto industriais avançaram 0,02%, também acelerando na comparação mensal (-0,20%). As leituras subjacentes de serviços e industriais subiram 0,19% e 0,10%, ambas desacelerando em relação a divulgação anterior. A média dos cinco núcleos, por sua vez, avançou de 0,21% para 0,26%, mas abaixo das projeções. O índice de difusão subiu de 43% para 53%.
O IPCA de outubro registrou desempenho abaixo da expectativa do mercado, mantendo uma tendência benéfica da inflação observada nos últimos meses. Destaque positivo para a manutenção do processo desinflacionário em serviços subjacentes, além da leitura abaixo do esperado na média dos cinco núcleos. A divulgação reforça a expectativa de manutenção da queda da Selic no atual ritmo de 50 bps. Por um lado, análise qualitativa não aponta para desaceleração no ritmo de redução da taxa de juros. Por outro, o cenário externo e preocupações fiscais afastam possibilidade de acelerar o ritmo.