Você já ouviu falar sobre a Teoria Moderna do Portfólio (TMP) ou apenas a “Teoria de Markowitz”? Um economista estadunidense que, em agosto de 2022, completou 95 anos, Harry Max Markowitz apresentou a sua teoria por meio do seu artigo nomeado “Portfolio Selection”, que foi publicado no Journal of Finance, baseando-se em uma ideia que, embora fosse bastante simples, à época, era verdadeiramente revolucionária.
Markowitz, a partir da Teoria Moderna do Portfólio, evidenciava a tamanha importância da diversificação dos ativos, comprovando — matematicamente, inclusive — que não é interessante, como diz o velho e já muito popular ditado, “colocar todos os ovos em uma única cesta”. Ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1990, Markowitz, ainda que não seja conhecido por todos os investidores, vê a sua estratégia ser amplamente utilizada em todo o mundo.
No entanto, pensando na significativa contribuição do economista, que, inclusive, é considerado por muitos como o “pai das finanças modernas” e na expressiva influência da sua teoria sobre os investimentos, neste post, vamos contar um pouco mais da sua história e explicar mais detalhadamente do que se trata a TMP. Continue a leitura e fique por dentro!
Como foi a jornada de Harry Max Markowitz?
Nascido em 1927, em Chicago, EUA, no dia 24 de agosto, Harry Max Markowitz é o único filho de Mildred e Morris Markowitz. Graduando-se mais tarde na Universidade de Chicago em Artes Liberais, Markowitz decidiu continuar estudando e se especializou em Economia na mesma instituição.
Lá, teve a chance de estudar com nomes importantes, como Leonardo Savage, Jacob Marschak, Tjalling Koopmans e Milton Friedman. Na sua tese acadêmica, o brilhante economista decidiu aplicar a Matemática na análise do mercado de ações e foi justamente ao longo das suas pesquisas que ele notou que o Modelo do Valor Presente — desenvolvido por John Burr Williams —, que era o mais empregado até então, não envolvia uma avaliação do impacto de risco.
Nesse momento, Markowitz resolveu desenvolver uma teoria própria na qual esclarecia a relevância da diversificação de ativos que apresentavam uma correlação baixa entre si, a Modern Portfolio Theory, ou, em português, Teoria Moderna do Portfólio. Durante o desenvolvimento, o seu propósito era estudar o impacto do risco em um portfólio em meio a circunstâncias de incerteza.
Então, como realmente funciona a Teoria de Markowitz?
Em termos simples, a Teoria Moderna do Portfólio visa a definir um nível de retorno para um determinado nível de risco — e vice-versa. Dessa forma, a sua premissa é a construção de espécies de “fronteiras” em carteiras otimizadas, de modo a levar em conta que tanto o retorno quanto o risco devem ser conjuntamente analisados dentro da carteira.
Ou seja, essas tais fronteiras são, na verdade, possíveis combinações de ativos. Para compreender melhor, é preciso “viajar” até o começo da década de 1950, quando Markowitz estudava a teoria de investimento de John Burr Williams, que defendia que o valor que se esperava de uma ação deveria ser o valor presente dos futuros dividendos.
Quanto à diversificação, Markowitz mesmo pontuou: “Mais tarde, ele até disse que, se você diversificar o suficiente, fará com que o risco desapareça e obterá a média. Bem, a noção de que, se você diversificar o suficiente, o risco desaparecerá; isso é verdade para riscos não correlacionados”. Resumidamente, o economista entendia que diversificar puramente por diversificar não era exatamente o caminho e, portanto, não promoveria os resultados esperados.
Assim, toda a Teoria de Markowitz é sustentada por dois pilares principais, que são o retorno e o risco. Afinal, enquanto o risco de uma carteira pode diminuir a partir da diversificação, essa prática só terá sentido — e trará frutos — quando ativos diferentes forem mantidos, com uma covariância negativa ou, pelo menos, baixa.
Os fatores considerados por Harry Max Markowitz
Na elaboração do seu estudo, resumidamente, o economista se utilizava de fórmulas matemáticas altamente complexas, mas a base teórica é, na realidade, extremamente acessível, até mesmo para os investidores iniciantes. São três os pontos principais levados em consideração na Teoria Moderna do Portfólio:
- os retornos esperados;
- o risco (ou desvio padrão);
- a correlação.
Os retornos esperados
O primeiro fator se relaciona com a ideia de que todos os ativos têm um retorno esperado, que é o quanto o investidor espera ganhar a partir da sua compra. Esse retorno varia de acordo com o ativo e, de forma direta, conforme o risco esperado. Assim, entende-se que os ativos que apresentam um risco reduzido também envolvem retornos esperados menos significativos, enquanto os que implicam riscos maiores têm retornos esperados igualmente superiores.
O risco
Vimos acima que o risco é estreitamente associado ao retorno. Nesse contexto, é válido destacar que o risco é medido por meio do desvio padrão, que, em termos simples, mensura qual é o desvio médio do centro da média de retornos. O desvio, então, pode ser para menos ou para mais, de modo que, quanto mais alto for o desvio padrão, mais associado ele estará a uma volatilidade superior.
A correlação
Na correlação, ocorre a “revolução” que as fronteiras eficientes, já mencionadas, representam. Nesse caso, a correlação dos ativos aponta o quanto eles se movimentam de modo conjunto e variam de +1 a -1.
Nessa primeira variação (+1), por exemplo, eles se movem de modo exatamente igual. Entretanto, na prática, isso dificilmente acontece. As correlações, na verdade, normalmente ocorrem próximas a 1.
Como aplicar essa teoria na hora de investir e o que é possível aprender com a filosofia de investimento de Markowitz?
Um dos primeiros passos para aplicar a teoria de Markowitz no seu portfólio é identificar o seu perfil de investidor e estabelecer os objetivos que você quer atingir. Afinal, a carteira de investimentos é única para cada pessoa.
A partir disso, é necessário conhecer as alternativas que o mercado financeiro apresenta e, durante a análise de cada uma delas, observar não somente os retornos esperados, mas também os riscos envolvidos. Em seguida, é preciso buscar opções descorrelacionadas, evitando a falsa diversificação, com a “pulverização” do seu patrimônio em investimentos que se assemelham, ainda que sejam variados. Por fim, monte uma carteira verdadeiramente sólida, principalmente composta de ativos que sigam diferentes direções.
Na prática, o principal legado que será deixado pelo economista, aplicável até os dias de hoje, é o quão poderosa a diversificação é, mostrando — de modo matematicamente comprovado — que não é indicado colocar “todos os ovos em uma só cesta”.
Entendeu como Harry Max Markowitz, a partir da Teoria Moderna do Portfólio, causou uma real revolução com a comprovação das vantagens de acrescentar em um mesmo portfólio ativos que se movem de modo distinto? É por isso que, atualmente, sabemos que o ideal é compor um portfólio de maneira mista, mas não apenas de renda fixa ou de ações.
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