Os gaps podem ser entendidos como descontinuidades nos gráficos de cotações dos ativos da Bolsa de Valores.
Provavelmente, você já deve ter ouvido falar que determinada ação abriu o pregão com X% de alta ou queda.
Esse é um dos exemplos mais comuns de gaps. Eles costumam acontecer diante de situações inesperadas pelo mercado.
Tenha em mente que essas descontinuidades podem ser boas oportunidades para ganhar dinheiro, ou evitar que as suas estratégias falhem, principalmente no curto prazo.
Geralmente, a análise técnica exerce a função de ajudá-lo a tomar as melhores decisões. Isso porque há diversos tipos de gaps.
Diante disso, preparamos este artigo completo sobre eles para você começar a operar com mais segurança a partir de hoje.
Veja o que você vai aprender:
- Gaps: o que são?
- O que são os gaps na Bolsa de Valores?
- Os 4 tipos de gaps
- Por que os gaps acontecem?
- Por que os gaps se preenchem?
- Quais as funções dos gaps?
- Os gaps e a análise técnica
- Cuidados na hora de analisar os gaps
- Invista na renda variável
Boa leitura!
Gaps: o que são?
Eles consistem em espaços vazios ou lacunas. Considere que o preço de 500 gramas de café custasse, aproximadamente, R$10 até o dia de ontem.
Digamos que tenha saído uma notícia informando que ele não será mais produzido. Hoje, o mesmo produto passou a ser vendido por R$50.
Então, dificilmente você o comprará por R$11 ou R$15 novamente. Ou seja, houve gaps no preço do produto.
Significado, tradução e conceito
Os gaps podem ser traduzidos como afastamentos, fendas ou intervalos. Perceba que eles são aplicáveis em diversos contextos, seja na Bolsa de Valores, carreira ou na física.
Portanto, o seu significado varia conforme a utilização. Porém, permanece a ideia de separação, espaço vazio.
O que são os gaps na Bolsa de Valores?
Eles são espaços vazios nos gráficos de candlesticks dos ativos.
Isso porque os gaps costumam ocorrer em momentos onde não há negociação. Mas é importante lembrar que esta não é uma regra: durante o pregão também podem ocorrer gaps.
Porém, por ocorrerem com maior frequência entre o fechamento e a abertura do mercado, é comum que os investidores não tenham tempo suficiente para recalibrar as suas ordens de compra e venda.
De acordo com a situação, é possível ganhar dinheiro, seja ao acompanhar de perto a abertura do pregão ou ao deixar uma ordem em aberto por longo período.
Em outros casos, o investidor corre risco de se deparar com oscilações negativas em relação à sua posição. Digamos que você possui as ações mostradas na imagem acima e visa mantê-las em sua carteira por um curto prazo.
O seu preço de compra foi de R$35 e seu stop loss estava configurado em R$27. Porém, ocorreu o gap e a venda foi executada em R$22.
Neste exemplo, note que, sem o stop, a possibilidade de perda seria ainda maior, visto que o valor das ações chegou próximo aos R$16 no mesmo dia.
Os 4 tipos de gaps
Agora que você já sabe o que são os gaps, chegou a hora de aprender como discerni-los nos gráficos de cotações.
Desta forma, é possível identificar rapidamente a reação do mercado e tomar decisões mais precisas e seguras para sua carteira.
Gap de área
Esse é um dos tipos de gaps mais comuns, tanto que é também conhecido por “Gap Comum”. Ele costuma se formar em regiões de congestão, ou seja, quando aquela ação está oscilando menos que o normal, o que pode indicar que ocorrerá uma oscilação muito brusca na abertura do próximo candle. Veja o gráfico a seguir:
O gap de área pode ocorrer mais comumente em gráficos de ativos com baixa liquidez. Neste caso, a sua origem tende a ser a falta de interesse por parte dos investidores.
Geralmente, esse tipo de descontinuidade se fecha rapidamente, ou seja, aquele preço que deixou de ser negociado – o que criou o gap – é negociado pouco tempo depois.
Portanto, o gap de área não costuma oferecer boas oportunidades de negócio, principalmente porque a tendência apresentada por ele pode não se concretizar.
Gap de fuga
Ele costuma acontecer diante dos rompimentos de suporte ou de resistência. Assim, o gap de fuga pode ser seguido por aumento nos volumes de negociação. Veja o gráfico:
Perceba que no gráfico acima, a força vendedora foi vencida pela compradora, e os preços do ativo voltaram a subir. O contrário também pode ocorrer nesse tipo de gap, mas de qualquer forma, ele reforça a força de algum lado: comprador ou vendedor.
Os gaps de fuga costumam permanecer abertos por mais tempo por se tratar de quebras de resistência ou suporte.
Quando eles acontecem, é preciso acompanhar os gráficos porque eles podem não se confirmar.
Gap de continuação
Esse é um dos tipos de gaps mais raros na Bolsa de Valores e é conhecido também como gap de medida. Veja o gráfico a seguir:
Como o seu próprio nome já diz, ele pode se confirmar por seguir uma tendência nos preços de um ativo, seja uma tendência de alta ou baixa e que pode se manter por um bom tempo.
Ou seja, pode demorar até que esse gap seja fechado. Outra característica comum a esse tipo de gap, é o fato de haver alto volume de negociações quando ocorre.
Gap de exaustão
Apesar de, por vezes, ser confundido com um gap de continuação, o gap de exaustão sinaliza o fim de uma tendência, ou literalmente uma “exaustão”, por parte do mercado, naquela tendência, seja ela de alta ou de baixa nas cotações.
Isso significa que a força compradora ou vendedora tende a perder força e pode ocorrer uma reversão em breve, o que significa dizer também que esse gap é rapidamente fechado. Veja o gráfico:
Note na imagem acima, que o preço do ativo retornou rapidamente aos mesmos valores negociados dias antes.
A confirmação de reversão, geralmente, vem acompanhada por outros sinais fortes, como os candles de martelos e estrelas da manhã.
Por que os gaps acontecem?
Não é uma regra, mas a maioria dos gaps surge por conta de acontecimentos não esperados que, por sua vez, podem ser provenientes de notícias sobre:
- Empresa: notícias relacionadas aos resultados trimestrais, fusões, aquisições, tragédias, processos e decisões judiciais;
- Setor: novas regulamentações, mudanças e restrições;
- Decisões governamentais: compreendem desde a esfera municipal até a federal. Seja de ativos expostos à economia doméstica ou internacional;
- Liquidez: ativos pouco conhecidos costumam ter gaps nas cotações por conta do baixo volume de negociação.
Como sabemos, os ativos de renda variável são precificados conforme as expectativas dos investidores.
Diante de notícias ou fatos relacionados, o mercado pode reagir bem ou mal. De qualquer forma, é sempre bom ter em mente que os gaps costumam surgir entre o fechamento e abertura dos pregões, mas podem ocorrer também ao longo do pregão.
Um dos exemplos pode ser visto no gráfico de Vale (VALE3), no dia seguinte ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que ocorreu em 25 de janeiro de 2019.
Perceba que, com o surgimento das notícias relacionadas à tragédia, as ações saíram de R$56,15 para cerca de R$45 logo na abertura do pregão.
Note que, utilizando um gráfico diário, é possível notar que o surgimento de um gap de baixa acontece quando as máximas das cotações do pregão atual são inferiores às mínimas no dia anterior.
Nesse mesmo exemplo, em um de alta, o surgimento ocorre quando a mínimo do pregão atual é superior à máxima do último pregão.
Por que os gaps se preenchem?
Geralmente, diz-se que todos os gaps, uma hora ou outra, se fecham. Mas, não há um prazo específico para que isso aconteça. Veja o gráfico:
Note que o preenchimento de descontinuidades consiste na volta das cotações aos seus níveis anteriores.
Isso pode ocorrer por grandes mudanças no cenário, principalmente quando ele se fecha no médio e longo prazo.
Quais as funções dos gaps?
Apesar de muitos gaps passarem despercebidos, eles podem trazer oportunidades únicas para lucrar na Bolsa de Valores.
Conheça as suas duas principais funções e como operar de forma mais segura a partir de hoje.
Como indicativo da direção
Um gap isoladamente pode ser pouco significativo, até porque no geral, o tipo de gap só será identificado depois que tiver ocorrido. Além disso, há possibilidade de subida ou queda nas cotações dos ativos.
Lembre-se de que o mercado financeiro é imprevisível. Porém, as tendências costumam se concretizar.
Então, uma leitura correta dos gaps juntamente dos candles podem ajudá-lo a estimar a direção dos preços.
Como indicativo do preço da ação
Não há como prever com exatidão os preços de uma ação no próximo dia ou minuto. Mas, os gaps podem trazer estimativas.
Geralmente, quanto maior a descontinuidade, mais forte será o movimento predominante, seja de compra ou de venda.
Os gaps e a análise técnica
O estudo dos gaps faz parte da análise técnica. Isso porque eles só estão presentes nos gráficos de candlesticks.
A formação de um candlestick consiste nos 4 preços de um ativo no período: abertura, fechamento, máxima e mínima.
Se não houve negociação no intervalo de tempo, então os gaps aparecerão. Assim como os candles, eles tendem a possuir significados.
A maioria dos traders de sucesso costumam unir as descontinuidades com outras ferramentas da análise técnica, como os candlesticks, Teoria de Dow e Médias Móveis.
Perceba que operar no curto prazo tende a ser mais arriscado. Isso porque é preciso identificar e capturar os rápidos movimentos de mercado.
Ao utilizar outras ferramentas, você pode ter maior previsibilidade na sua estratégia. Assim, a probabilidade de obter resultados positivos deve também aumentar.
Por outro lado, a análise técnica exige conhecimento e experiência. Então, quanto antes começar, mais cedo estará preparado.
Leia também sobre o que é Chamada de Margem, Market Profile, Tape Reading e Price Action.
Cuidados na hora de analisar os gaps
Analisar gaps de forma isolada pode causar perdas de capital, principalmente diante de fortes emoções e volatilidade.
O ideal é agir com calma e evitar destoar das tendências do mercado.
Além disso, evite utilizar toda a sua margem de garantia em suas operações. Caso as estratégias não tragam os resultados esperados, você terá que cobrir os prejuízos junto à corretora. De acordo com o valor, ele pode ser maior do que o seu patrimônio.
Por fim, nas operações de curto prazo, como o Day Trade, é recomendável utilizar stop loss.
Assim, você pode montar as suas estratégias com mais segurança. Afinal, o stop loss é um grande aliado na proteção de seu patrimônio em Bolsa de Valores, até mesmo em situações dos chamados “cisnes negros” do mercado financeiro.
Invista na renda variável
Desde o início de 2020, a taxa Selic está em suas mínimas históricas, chegando a 3% ao ano, no início de maio.
De acordo com o Boletim Focus, referente a 11 de maio de 2020, o Banco Central (Bacen) projeta que o índice fechará o ano em 2,50%.
Com isso, os investimentos em renda fixa tendem a ter rendimentos ainda mais baixos.
De outro lado, o principal índice da Bolsa de Valores, o Ibovespa, caiu cerca de 31% em 2020.
Há previsões de que o mercado poderá cair ainda mais, principalmente por conta dos efeitos econômicos causados pela quarentena que ocorre em todo o país, para frear a expansão do novo coronavírus.
Portanto, este pode ser o momento ideal para começar a investir em renda variável e fazer o seu dinheiro render, seja na recuperação das cotações ou com a volatilidade.
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Conclusão
Os gaps costumam gerar pânico em muitos investidores, principalmente entre os iniciantes. Porém, a maioria deles pode ser inofensivo, como o de gap de área.
Antes de partir para estratégias mais robustas, uma dica é utilizar simuladores. Assim, é possível ganhar experiência e agilidade na tomada de decisões.
Além disso, evite agir no calor do momento, como por exemplo, por operar com boa parte do seu patrimônio. Lembre-se de que, só entender os gaps, não garante acertos.
Eles podem ajudá-lo nas suas estratégias, principalmente quando combinado à outras ferramentas de análise técnica.
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